quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

essas ruas apressadas

eu não tinha percebido que de tudo eu queria um pouco, ou do pouco um tudo. não tinha percebido no tanto que você me toma a inconsciência, e tive acesso, e agora percebido estou. de que sou, de que procurei, escutei e vi, vi todos eles rostos e ruídos sendo você. andava pelas ruas imaginando meus passos compondo os seus: quais são suas rotas nesse pedaço de caminho que sei que faz? só queria cruzar uma esquina, na porta do metrô, no caminho até a universidade, na augusta, na cultura, no restaurante, na feira, no mac, no momento em que fiquei perdido eu quis, trombar bem forte, impactar, chocar, eclodir, atravessar, tocar, sentir, cheirar, ouvir, encostar, você.
o que perco com o passar das horas ganho com certezas que só o tempo mesmo pra me responder: persistência de escrita, um trem, um falo. expressão de uma ligação tênue, de um erro margeado de acertos, falar da gente é como des.escrever. entre a dor e a hemorragia escolho a escrita que é como um líquido translúcido de dor escorrendo num corpo sem forma.
no dia do meu aniversário eu pensei que poderia receber uma carta-resposta-parabenizadora, entre tantas outras que não chegaram. quanto mais distante mais transportando pra incerteza ou talvez a certeza de que eu queimo por mais umas horas olhando pro seu corpo cansado embebido de álcool e de mim no quarto quente de mim.
amo o amor, é o amor que o sujeito ama. a certeza seria tanto eficaz quanto libertadora, se se substituiria seria agora com esse fragmento de dizer, se pudesse ouvir uma vez mais, ver outra vez menos seu rosto infantil ¬ o mesmo passar de horas responderia também nesse sentido, já que em tantas outras certezas-inseguranças fui assegurado-temeroso ¬ o movimento esvaziamento escritura, retorno à ilusão, a umidade, a sedução. você é o outro, e eu todas.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

sao jose

eu não sei se tem mas tem um trem todo me ferindo o nariz fingindo pequeno incômodo eufemismo pro abismo que me abre cada vez que começo a crer numa pequenez pontada de vontade de continuar vivendo por motivos idiotas mas que preenchem meus fluxos antimusicais
são paulo eu não sei se quero você ou o que eu acho que você pode me querer também oferecer