quarta-feira, 26 de agosto de 2015

cruz

perguntas, ao eu. se minhas respostas são questões. se estou assim me respostas, se  me corrompo e me interrompo de perguntar.
hoje penso, como tantos outros dias, e momentos: o ele. 
se eu pensasse sempre que pensasse em você: implodiria.
mil ultrapassam coisas, mania de utopia, forma de dar impulso pro pensamento furar contornos. é exatamente quando tento exprimir.
antes da morte, a pequena. anteposto de gozo, eu só eu, ou seu corpo, de novo: extrapolo o quarto.
a voz muda é brasa no vento, frio em chamas.
mudo eu sou fluxo, uma vez costurando  o vácuo que ficou.
com efeito de, vou até, te encontrar e ser encontro em ser.
preciso e te amo, estranhamente que é dizer amor, talvez nunca serei beirei terei. ouvi que é assim e mesmo se não o tivesse eu me extrapolaria embora. sinto antes de dizer, sentiram antes de por em figura, assim é estar, colidir, que te quero, e não é ainda o tudo, como se prelúdio.
somos premissas
pairando. 


áurea

dentro,
um homem
nasceu de seu mesmo.

progrediu
anos
foi nomeado
nesse entre.

morreu em autor.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

cristão

acordei ouçando que deus
na voz dos seus
é abominável e ante 

que a gente paralítico 
na presença do senhor jesus
tem força maior
que voo  

abri os olhos pra deus
sou teu, senhor
mas assim o tornas meu também 

hoje falo por deus
melhor, por deuses

hoje danço pra deus
e sou feliz
o deus de mim

também crio
também curo
também calculo
só não quero destruir
dizendo construindo 

a recompensa dizendo graça
a insegurança dizendo fé
a queda dizendo glória
o fétido, azeite
a fala, chumbo
o coração, fumaça
mudança uma reaça

sou deus, sou meu também
dono de quem?
por que ser dono é como domínio.
céus e terra, mar
fonte, e os vales da sombra da morte

sua graça me basta: tenho fome
sua presença me atrai: pras extremidades

acordei
e falo por vozes
sou encarnado, e amo

completude no interdito
abri o olho
e ouçando
ouvindo
derreti, sou cera e vários moldes
estou de todo a me encaixar

a melhor é ouvir quando quero mesmo
que assim seja, amém glória
amém deus pai

amém deus espírito de graça
que basta
que assim seja, ao eterno, e justeza
e voltarás santíssimo
como sou mais que nunca
que assim seja. 

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

desdobramento do instável

de manhã, e deliro.
estradas até mim, criança gorducha,
pele dilata como ferro em brasa.

de manhã, e deliro.
exercício de ultrapassar o teto.
é sem des esperar
há guiar-se pela razão,
há a fé razão! contrapartida.

pertenço a esfera do deixar.
ao menos ensaio, ou
medidamente, pertenço.
vez que decolo pra pousar
partir é de retorno.
inalo como quem expulsa.
e sigo de volta pro nada de onde saí.

esse escavar é o libertário de mim.
e assim tom pastel é minha tela.
enorme respirar meu sufoco.

ontem orientei o fluxo, e o vi!
ontem o vi, para além do fluxo.

sigo sem sono, sem boa
noite em tempo de luz demais.
estouro em tempo de implodir.
oxímoros
beijo novamente a estrutura do que vejo e
relampejo, ultrapasso, saio ileso e sem memória
de um tempo que nunca será.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

des crever

nascer
é também
poder.
espesso e denso
da vida à existência:
o poeta teia a vida.

a poesia,
a concretização,
o sonho,
o peso,
a história
e o recalque:

tensão entre o impulso do devaneio
e a dificuldade na qual
o objeto entre o sujeito e o mundo.

se trata de elementos revisitados,
uma outra preexistência.
a possibilidade do vôo,
poder da imagem real,
não apenas de bolinha,
mas de pombas.

AN-DE