segunda-feira, 31 de julho de 2023

acontece que quase toda imagem me é mais: 
o sol no mato, o sol na água, o sol e a sombra dividindo ao meio um espaço.
o rosto se contorcendo e as palavras satisfeitas, 
eu assistindo tudo na mais segura distância, me é mais. 

eu tomo esse recuo se calhar por algo de preservar a minha qualquer que seja coisa.
e não.
à beira da observação, porque a verdade tátil sobre os fatos me descompõe. 
é como se o rio no entre me molhasse mais que o mergulho,
é como se um texto, em si, não fosse o que é, 
e sim o que um texto poderia escrever. 

quinta-feira, 6 de julho de 2023

também não me ia e se me vem 
isso cai
e fica assim boiando na moralidade
porque a falta que me cabe metida ali
preenchendo a lacuna doutra parte 
e eu prossigo na profunda tristeza
que é por ser uma pessoa boba

comprando todos os dias pêssegos
e as variações disso
peço desculpas a quem me viu assim 
com um fio amarelo na barba
um vinho só pra mim

eu olho pra isso e a imagem é toda 
a minha cara
meu receio é você se encontrar
no que sempre foi você
apesar de estar nisso a minha paz