domingo, 3 de dezembro de 2023

se há ou houve uma linha que cruzei, desconheço 
esse limite e quem quer eu tenha visto ali,
mas é inevitável na pele, que sente a transição
e que não é capaz de saltar uma diferença.
tão imensa, sem que os pêlos se arrepiem
no horror que é ou que houve, ou que faz vazio 
do próprio frio. 

hoje confio, no aguardar.
talvez quem cruze e enxergue esse contorno, 
ou que saiba furar uma borda. 
alguém que houve 
ou que há de vir. 


terça-feira, 15 de agosto de 2023

por un camino torcido,
caliente y lleno, de moras en las ramas.
que perforan el dedo tan dulce como puede ser.
tanta gente compartiendo una playa y los granos de arena,
clavado al cuerpo.
aqui me doy cuenta: algo puede tener la duración
de un día completo, o terminar allí en la fase donde comienza un nuevo.

alguna piedra de este edificio, la isla toda tuya, allí incrustada.
vivo, y un pez, con dos ojos en la cabeza, incrustado en la tierra.
como si esperara que un pie le tocara, la piel húmeda, los ojos desde abajo,
mirando al cielo.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

 pousando conchas na pele

o sal ja seco, e depois de alguns goles de álcool 
não sei bem o desenho que proponho ali. 

uma foto para o registro e nada mais que tenha vindo antes, e o que sucedeu. 

inflando meu maldito eu teatralizado em alguns minutos de encontro,
como se os problemas fossem mesmo questão de hábito, 
porque o resto da vida e o médico da família, comprovativo de morada 
e o caralho, depois o ordenado vai aumentar e 
pronto, o resto da vida é uma vida como a que resta em tanta gente por aí.

agradeço imenso o elogio como me olhas e me trazes comentários e ressaltamentos 
dos meus bons traços e os talentos tão disperdiçados na contramão de alguma forma 
de fazer dinheiro com isso, de fazer sentido enquanto se perde o mesmo sentido. e tudo, 
se perde tudo assim.

eu adoraria o seu sorriso de quem ainda enxerga alguma 
de quem prospecta e ainda tem preocupações anteriores aos trinta.

fada da coluna, fada da escapula, me leva embora daqui.

segunda-feira, 31 de julho de 2023

acontece que quase toda imagem me é mais: 
o sol no mato, o sol na água, o sol e a sombra dividindo ao meio um espaço.
o rosto se contorcendo e as palavras satisfeitas, 
eu assistindo tudo na mais segura distância, me é mais. 

eu tomo esse recuo se calhar por algo de preservar a minha qualquer que seja coisa.
e não.
à beira da observação, porque a verdade tátil sobre os fatos me descompõe. 
é como se o rio no entre me molhasse mais que o mergulho,
é como se um texto, em si, não fosse o que é, 
e sim o que um texto poderia escrever. 

quinta-feira, 6 de julho de 2023

também não me ia e se me vem 
isso cai
e fica assim boiando na moralidade
porque a falta que me cabe metida ali
preenchendo a lacuna doutra parte 
e eu prossigo na profunda tristeza
que é por ser uma pessoa boba

comprando todos os dias pêssegos
e as variações disso
peço desculpas a quem me viu assim 
com um fio amarelo na barba
um vinho só pra mim

eu olho pra isso e a imagem é toda 
a minha cara
meu receio é você se encontrar
no que sempre foi você
apesar de estar nisso a minha paz

domingo, 18 de junho de 2023

 o imenso prazer na praticidade de coisas óbvias e presentes em qualquer banalidade de vida
e também eu só podia sentir falta de tudo tão especificamente indecifrável, a palavra faz me imensa diferença, e sei que a tenho. eu só não a quero usar ou ter de. 
eu queria estar do outro lado mas com o pouco do lado daqui, deste lado e nenhum. 
não é poesia nem nada, é falta. ou melhor, é nada. esquece.  

segunda-feira, 5 de junho de 2023

pergunto ao meu limite a quantidade de café por hoje.
depois é só mesmo respirar lentamente e a rigidez do maxilar,
os dentes cerrados aos poucos se vão sumindo, é assim a desarmonia da cena.
e o lado qualquer disso tudo é que é bonito, 
não ter resposta sobre a fronteira e a bobeira.
sem fio que conduz uma dureza de texto,
sem saber minha altura, sem atingir a idade embora eu saiba uma delas por vez.
deixa arrefecer.

domingo, 23 de abril de 2023

 em meio a sua presença eu senti a falta que me fez mesmo ferida foi na ausência. independente do que somos, eu alguma maneira encontrei de sofrer nisso enquanto me alegro em ver o tamanho gordo e peludinho das abelhas e a sua insistência em capturar uma imagem mais nítida e estática.