sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

condição de defesa

porque inspiro, e isso é existir mas não só,
por cada canto da minha constituição,
nutrimento dessa arquitetura:
respingam milímetros de desconhecimento do eu.

chove sob o fundamento, o fio, o sangue,
as cicatrizes, a estatura, o porte, a rigidez,
o tecido, o fio outra vez.

eu gozo que tanto sinto, e não posso dissecar
como se pudesse compreender, ou melhor, como
se pudesse me fazer ser algo da sua compreensão.
desisto em persistência.

logo prossigo, porque expiro, e isso é existir.
algo paira entre dois corpos, ligados pela abstração.
eventual intimidade, a informalidade pela metade, a crença?
um tratado de inconsistências.

se passa pelo interno de você o cenário
de poder entranhar-me?
quais aparições ou existências me habitariam pele,
osso, nervo, e o sangue: defesa desatando, defesa desalinho.

o desfecho é apenas um pretexto para um recomeço.