quinta-feira, 23 de julho de 2015

desculpa

"estou triste tão triste. por que será que existe o que quer que seja?"
não quero sertão seco assim como deserto é cheio de areia.
me pergunto se acontece com você também, das vezes a saudade doer mais. 
equilibrando sobre duas facas, eu peço que me tirem a metafísica.  
deixa eu esvaziar você de culpa, é claro, é penumbra. 
sempre vem noite e com ela essa sensação ridícula incontrolável maciça e íntegra
de que "o lugar mais frio" é o meu corpo. 
tremendo de vontade de percorrer toda distância que tanto define meu pavor. 
distancia de que, de quem, de que lugar, de que segundo tempo? 
de mim!
estou triste, pouco triste, muito e tão triste, descolorindo. 
meu socorro é: inevitável quero evitar, sentir tanta tremedeira e o corpo frio, estático. 
minha lamúria é implosiva, desculpa por gritar tanto? desculpa. 


sexta-feira, 10 de julho de 2015

são seus olhos

com sua razão,
sim eles.
remexem à procura por qualquer princípio de fim,
vagam quando se pensamentam.
eles, sim:
relampejam de medo quando desejam.
pois sabem que quem tem cor, também tem tom.
de feridos são cansados.
de vermelhos são molhados.
sim eles,
que se escondem por dilúvio seco,
na imensidão que é rir sem mexer um músculo,
as pálpebras exploram o negro, os reflexos
os sexos.
são sim eles, a senhora tem razão.
será por isso, Édipo?
será os olhos a maior porta? ou a janela maior?
de tanto ver e sentir,
de sentir e depois ver?
não estou crendo!
mas com sua razão,
eles, sim
meus olhos, assim como os nossos.
a encher de imagens.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

receita de bolo vegano

hoje meu dia foi fubá
amarelei pro gosto
pus canela, preteou
tão macio, fofo
tão cremoso, quente
até meu nariz pediu pedaço
de dor que as vezes me vem
até curtiram a coisa em rede.
que pixels: que sintonia de pixels: é bolo.
hoje ainda tinha glitter ou purpurina
acima dos lábios
entre pelos
um tão diretamente feixe da fluorescência
bateu
revidou
direto no trem brilhante pro espelho
que revidou espelhou dos olhos de alumínio
identifiquei que era festa de horas antes.
o toque, discursos
afoguei. 
foi sim, há umas horas
hoje foi o que teria sido ontem
e agora ta sendo o hoje foi
fubá, farinha óleo, açucar
linhaça, leite de coco fermento pixels, bolo partido
que parte

sexta-feira, 3 de julho de 2015

também estou desencontrado

"onde fica os livros de amor sedução sedução amor?"
por tema não posso saber, título cê tem?
"tem pra vender? tem?"
todos pra vender.

ele com uma pegada molenga escolhe um dentre os livros, imagino o livro despencando.
escolheu justamente esse que não fala de amor sedução sedução amor.
reposiciona-o, mal posiciona-o.


nesse curso que é o tempo: "posso parar aqui não!"
"tem pra vender?"
todos são pra vender.

saiu desesperado, se pressa simplesmente, sei lá.
pisa convicto de que o chão sustenta um peso, um seu passo desdireto. torto.

ele passa ainda desencontrado duas vezes mais pela porta: cheio de título na cabeça cheio de cabeça no amor na cabeça sedução amor cabeça amor sedução cheio de título na sedução na cabeça de amor de cabeça cheio de título na sedução de amor de amor na sedução cheio de cabeça de cabeça amor na sedução título sedução amor cabeça cheio