sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Morangos Silvestres


Caminhei por entre a grama baixa, recentemente aparada, do qual desprendia um aroma nostálgico. Tive receio das lembranças, corriam como um fluido abundante, portando meu corpo nas correntezas embaraçosas. Gritei, queixei-me à situação, temendo o choque contra as pedras que cortavam com facilidade as águas, e com mero empenho, num golpe me faria em partes.  Meu medo foi entrecortado, no momento em que fitei na extensão do rio, o amparo que, outrora, não se edificava no meu saber. O lar, pedaço natal, seio da vida. Ele pairava, elegantemente, sem fissuras nem pesar, o toquei. Como se não bastasse, aprovei aqueles tamanhos lábios, que surgiram à sacada da casa, sua textura, sua cor, aquilo não era de todo novo. De súbito, principiaram a mover-se, iam dizer... Será que iam dizer? Anseio, mais do que saber o que me é previsto nessa mixaria de vida que ainda tenho de fruir, as palavras, que hão de serem proferidas, acaso os lábios vão me dizer a razão da melancolia, do descaso ao... Espere! Ouça! Leia os lábios, começaram a mover-se, não ouço nada, mais alto! Mais alto! Estão se apagando... E o rio fora se tornando turvo, barrento, até perder o ritmo, o fluxo.  Senti algo incomodar-me os ombros, e persistia, quando ouvi meu nome, não podia estar acontecendo. Mais uma vez aquilo não fazia parte do mundo, um algo de mim. Trazendo prontamente as minhas lembranças, onde me perco e ao mesmo tempo me encontro. Hoje sei, finalmente, friamente, do que me componho, e do que são compostas as pes...

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