terça-feira, 5 de setembro de 2017

8h

desperto em meu próprio acordei,
e de dentro dum dos volumes - um riso. 
e sei com cio de desaber 
que em meu corpo pairam outros.
sabe a cama, ou sabe o ar do quarto fechado
sobre as presenças ocupantes?
(eu não ousaria começar a escrever se soubesse por onde começar)
ele o olho, sobe e desce o pé de manjericão ressecado. 
me acostumei com palavras na ponta da boca,
treinei uma incisão entre a capacidade e a performance. 
o que resta, meu gesto congelado, ainda na cama com
os olhos acordados. 
espremo o sexo rígido contra o colchão:
"difícil imaginar um objeto com nome de coisa"
o peso da sola dos membros tocarão a poeira na madeira, 
sigo, ou preciso, abrir a cortina, deixar a luz arrebentar.
escultura torta no lençol:
um corpo precisa flutuar, outro de uma ponte entre a
luz e a ponta do dedo, outro de peso, 1 palmo de café,
outro de água para as plantas e duas gotas sob os próprios olhos
e outras duas para as narinas.
da ponta da vontade mais uma palavra oca:
alguém.

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