sábado, 11 de abril de 2015

cleee

oi, eu fico vazio quando mais preciso ocupar. a gente brinca demais com as palavras, aí vem elas e fazem a coisa do tipo quando a gente quer encontrar algumas delas pra repor pra despor pra inferir e dizer mesmo, pra alcançar um pouco, pra somar ao corpo do outro, um desenho uma mancha, elas somem de mim demais! a sumiçaria está para além sono, está para além eu mesmo, quero dizer que quando quero não posso, quando posso não quero, o momento z é o momento xis na minha vida, o momento xis quando tem seu momento está querendo ser z.
é que agora que você me ligou sua voz me atravessou tanto, ela me ocupa as vezes para além significado, o som o código por si só, é que isso me desperta toda uma acumulação. gosto do tanto que a vida é fluida, continuada, a gente sempre achando que tudo passa e tudo se descompleta, é então que um som seu articulado me recua anos, eu fico circular, tudo reacende, o código é uma linha em que tá tudo amarrado, pontinhos em nó que seguem e eu vejo os desenhos as fotografias os sons os toques as temperaturas o paladar a vergonha a certeza o risco. você é carga vazia de tanto tudo!
um trem nesse interdito me impede tanto de falar claro, sobre esse claro, que claro é? na minha projeção interna consigo ver lá você e eu e a gente bem perfeitamente, a definição que é doida demais da conta, mas se eu quiser mesmo arriscar tá no esquema do fermento, do quente, líquido, esférico, de um morro que subimos pra descer, pra subir, descer rolando, subir cansando, descer devagarinho, oscilação – ousadia! eu atravessaria agora esse tanto de porta frouxa pra encurtar o fio entre nós, tornar abraço tão forte, que arrancaria sua bagagem de gelo derretendo, a gente poria isso no fim do sem fim, o gelo pra lançar fora, derreter no asfalto todo.
se eu soubesse a direção que voz precisa pra furar tudo, pra arrastar o z e aproximar o x na hora h. ou, corre pra cá que vou só sorrir como que quem reflete um futuro próximo. mira meu corpo estranho, mira meus movimentos ridículos juro dançantes, doente, são gestos de afirmação do bem, de que você pode me atravessar quando quiser a hora o lugar a linha o desenho que quiser, que pode e deve correr pra bem distante e voltar que estou por tu, mesmo com muito barro na boca, mesmo no oco, no tronco, mesmo ostentando o deserto que me componho, é que nada me poe do avesso tanto quanto lembrar e saber que escalar o morro e chegar no ponto bom e panorâmico é tão meu e de quem é eu, de tu e de quem é tu, que quando achamos que tá muito liso e escorregadio o chão, a gente se permite ir deslizando pra escalar de novo, braço e perna não faltam, a gente adormece-os na escorregadinha, isso os reaviva numa saltitação, até o pé do morro tem lá sua cor. 

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