sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

rastro essa luz

eu vou sair daqui,
é capaz que me encontrem numa dessas ruas caminhadas dos meus pés.
me perguntaram se é por motivo de cansaço:
me doem algumas coisas embora eu não entenda como cansaço.
estou cansado!
mãe: eu brincava tanto e pedia mais tempo naquele bairro perigoso onde eu cresci
e ostentava meus esconderijos secretos, redundância semântica à infância praticamente suicida.

viver, e estar apaixonado pela seja qual for coisa - não é por motivo de cansaço.
não aceito ter que sair de um hábito para só assim enxergar uma foto na vida.
uma espécie de colher nadas, assim é um artista mesmo, quando coisa.
não aceito quem não reinventa a própria sede. na verdade, eu só não compreendo.

anuncio o concreto que soma ao céu num limite muito sutil, se registro já perco, não tem lógica nisso. eu não sei se aproprio, é que toda essa significação saltita até quando procuro atalhos ocos, quando faço percussos calejados dessas ruas caminhadas dos meus pés...

queria desgarrar esse olhar torto de ver a vida, até perceber que é ele que me mantém viva.
e eu vou sair daqui provavelmente num deslocamento de quem adentra, outra e mais outro instante já. dizer que se vai é ir na direção circulada, redesenha a marca da pegada na poeira, o grão, escurece na luz, que aquece a lâmina de fazer imagem nossa que bobeira é essa

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